Insulina Semanal Icodeca: Novidade no tratamento da Diabetes 

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O que é Diabetes?

O diabetes Tipo II é uma das doenças mais prevalentes da nossa população. Ele tem causas genéticas e ambientais, com fatores de risco como obesidade, pressão e colesterol altos.
 https://diabetes.org.br/brasil-ja-tem-cerca-de-20-milhoes-de-pessoas-com-diabetes/

O que acontece é que as células que absorvem a glicose se tornam resistentes a absorvê-la, fazendo com que os níveis de glicose aumentem no sangue. Por isso o “açúcar” fica alto no sangue. A substância que tira a glicose do sangue e coloca pra dentro da célula, é a insulina, que é produzida pelo nosso próprio corpo, no pâncreas.

Isso causa sintomas como emagrecimento (pois a glicose não entra na célula), os pacientes comem mais, fazem mais xixi (pelo açúcar no sangue) e bebem mais água. São os famosos P`s (perda de peso, polifagia, poliúria e polidipsia).

Como se dá o tratamento?

Nos estágios iniciais dessa doença (chamado de pré-diabetes), o tratamento é feito com mudança no hábito de vida, como emagrecimento, controle da pressão, exercício físico, alimentação saudável, e, com hipoglicemiantes orais, substâncias que, basicamente, aumentam a excreção da glicose pelo nosso organismo ou aumentam a produção de insulina pelo organismo. Exemplos de hipoglicemiantes orais são Metformina e Glicazida.

Quando em estágios mais avançados em que o paciente tem sintomas, a hemoglobina glicada (marcador de diabetes no sangue) encontra-se acima de 10% ou glicemias aleatórias mostram valores acima de 300mg/dL, não conseguimos controlar os níveis de glicose apenas com as medidas citadas acima, lançando mão das insulinas.  

Recomenda-se a dose de 0,1 a 0,2 unidades/kg/dia. Se for NPH, a dose deve ser preferencialmente antes de dormir (aproximadamente às 22h). 

Quais são as insulinas?

Existem três tipos de insulinas: as rápidas, ultra-rápidas e as basais (que mimetizam a liberação da insulina do nosso corpo, lentamente). 

Exemplo de insulina ultra-rápida é a Aspart e exemplo de insulina rápida é a Regular. Essas insulinas são boas para ajudar a diminuir os níveis de glicose no organismo nas alimentações. Geralmente são aplicadas antes das refeições, fazendo que, após a alimentação, os níveis de glicose não fiquem tão altos.

Insulinas basais

As insulinas basais, são as que são liberadas ao longo do dia, como acontece normalmente no nosso organismo, o que ajuda a diminuir os níveis de glicose no nosso sangue durante o dia todo. Existem 4 opções de insulina basal: NPH, detemir (Levemir®), glargina (Lantus®) e degludeca (Tresiba®). Essas são as insulinas iniciais no tratamento, associadas a maior satisfação dos pacientes e menor incidência de efeitos colaterais.

Os tempos de pico de ação e duração são encontrados na tabela abaixo:

A insulina mais usada é a NPH que é disponível no SUS. Ela têm a duração de 12h, e para conseguir efeito de 24h, ela deve ser aplicada 2 vezes ao dia (lembrando que a aplicação da insulina é com agulha subcutânea). 

As melhores dessa classe são as insulinas Glargina e Degludeca, que não possuem pico de ação, ou seja, causam menos hipoglicemias, que são reduções bruscas de glicose no sangue, que podem levar a parada cardíaca e ao óbito. Por isso, tendem a ser as mais seguras.

A Glargina, tem duração de 24h, o que torna a aplicação muito mais confortável (apenas 1x ao dia). 

A Degludeca possui duração de ação de mais de 40 horas, podendo ser usada ainda mais espaçada, o que gera mais conforto para o paciente.

Objetivos do tratamento:

O tratamento é realizado para controlar a glicemia do paciente, reduzir a Hemoglobina glicada abaixo de 7%, aumentando a sensibilidade das células à insulina e do pâncreas a produzir mais insulinas.
https://bvsms.saude.gov.br/diabetes/

A Insulina Icodeca (Ultra-longa)

No mês de Junho de 2023, ensaios clínicos foram publicados apresentando a primeira insulina ultra-longa, a Icodeca. Foi desenvolvida pela Novo Nordisk.

Os estudos tiveram mais de 500 pacientes, avaliando a aplicação da nova insulina em pacientes com diabetes tipo 2 e Hemoglobina glicada acima de 7%. Analisaram a diferença da hemoglobina glicada antes e após a intervenção.

Os resultados mostraram superioridade da Icodeca em relação à Glargina e à Degludeca nos pacientes que não utilizavam insulina previamente, porém a diferença foi pequena.

As doses utilizadas foram 70UI por semana com ajustes de 20 unidades por semana após aferições por 3 dias consecutivos previamente ao dia da aplicação. 

Todavia, a Icodeca levou mais episódios de hipoglicemia em todos os trabalhos, mas que foram considerados raros e dentro do esperado para as insulinas basais. 

Os estudos não avaliaram as complicações do diabetes como, cegueira, pé diabético, repercussões cardiovasculares, pois a duração não foi suficiente para os pacientes poderem desenvolvê-las. 
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/diabetes

Conclusão 

A diferença dessa insulina em relação às outras insulinas basais parece ser pequena, mas o fato de ter aplicação semanal, facilitaria muito a aderência ao tratamento.

Referência

Rosenstock J, Bain SC, Gowda A, Jódar E, Liang B, Lingvay I, Nishida T, Trevisan R, Mosenzon O, ONWARDS 1 Trial Investigators.
Weekly Icodec versus Daily Glargine U100 in Type 2 Diabetes without Previous Insulin.
New England Journal of Medicine. 2023.

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